19 de julho de 2013

Linhas distintas

     Nesse caso, prefiro que o papel não se manche, que a tinta sobre ele não deslize e que me faltem os versos, pois sei que quando eles me são escassos, rasos ou vazios significa dizer que meu coração está distante de ti.
     És dor e inspiração, único motivo do qual me disponho a falar de amor. Já não sei mais se és verso, homem, único ou maior, mas és. Sabes que és, sei que és. Mas não serás, não serás mais. É o fim. Não por mim, mas por nós. Não, não estamos sós e sabemos disso. Enganas a mim ou a ti?
      Já que não sou, mas tu és, prefiro que sejamos, ou melhor, seremos. Emos lembrança, emos toque, emos pureza, emos perfeição. Emos no espaço, quero que se perca, porque só perdido vai fazer esse sopro de vida valer a pena. Chega de baús. Não quero versos nem fonte nova, agora quero tempo de seca para assim, enfim, ser feliz.

18 de novembro de 2012

O amor e alguns anos

   Durante anos se amaram como se a vida deles desde o dia em que se conheceram fora uma só. Brincavam, riam, cantavam, brigavam, transavam, choravam, beijavam; fizeram promessas e juras de um amor que julgaram 'eterno'; escolheram os nomes dos filhos; planejaram o dia do casamento; dormiram juntos em uma rede na varanda; viajaram para o interior nas férias; ouviram Blues e Bossa nova; escolheram o lustre -ele por ela- e o piano -ela por ele; leram poemas de Rimbaud e Verlaine nas madrugadas e sonharam com o futuro planejado.
   Durante meses, separados pelo destino, mantiveram aquele amor da adolescência em riste, pronto para voltar a sê-lo a qualquer sublime momento; lembravam da rua, das noites, dos jantares à luz de velas, das manias, das manhas, dos defeitos que eram tudo de perfeição; relembravam das promessas e as asseguravam cada vez mais; despediam-se com lágrimas... lágrimas de saudade; beijavam-se em sonhos todas as noites de todos os dias.
   Durante semanas, cada um em seu lugar, passaram os dias sem quem um soubesse o paradeiro do outro, procuravam-se pelas cartas, pelos livros, pelos perfumes, pelas esquinas, pelas lembranças, pelos sorrisos. O desejo de ambos ia, sem ruídos, procurando outros caminhos, outros corpos, outros beijos, outras vozes, outros cheiros. Já não existia quase nada em comum nos dois, a não ser, a lembrança um do outro que já não existia em nenhum daqueles que um dia disseram não conseguir existir sem a presença do 'eterno'.
     Durante dias trabalharam e estudaram, e saíram e beijaram, e abraçaram e namoraram. Dias que foram semanas, que passaram a anos os quais resultaram em uma década. Ele amou alguém, ela desejou incessantemente outros lábios que não eram os dele; sem conversas, sem lembranças, sem recordações, sem compactuar se encontraram um dia, sem querer, enfim. 
   Olharam-se fixamente por alguns instantes, se aproximaram pávidos, sorriram levemente, quase sem vontade, um sorriso amarelo. Juntos ali, poderiam agora, enfim, viver tudo aquilo que sempre haviam sonhado, desfrutar do amor que antes diziam  sentir. Depois de tantos anos separados, deveriam ter se abraçado, chorado, beijado, ou quem sabe terem visto um brilho rasgado em algum dos olhos, mas nada aconteceu. 
   Apenas se cumprimentaram com um aperto de mãos em meio a uma praça movimentada. Nem risos, nem lágrimas; nem abraços nem beijos; nem promessas nem conversas; nem cantorias nem brincadeiras; nem eternidade nem infinito. Nada. Absolutamente nada. Eram como dois estranhos. Maria e João, ou talvez, Eduardo e Mônica, Felipe e Bia, tanto faz.

                   
Fonte Imagem: thefelixxx

8 de setembro de 2012

Teus rastros

     
                     

      Por todos esses anos eu te guardei. Guardei teu cheiro na memória, tua letra em alguns pedaços soltos de papel, tuas declarações em arquivos muito bem guardados em um lugar de algum computador. Às vezes, eu os recupero de alguma forma ora aqui, ora ali, revirando alguma coisa eu te encontro em algum espaço. Não sei se te espalhei de propósito ou sem querer, mas vira e mexe eu encontro vestígios de nós dois.
       O engraçado é que tem dias pra tudo: músicas, fotos, cadernos, livros e, cada vez mais, nós, você e eu. Por mais que eu tente admitir, na verdade, eu nunca consegui quebrar as promessas do "felizes para sempre" e "nunca"; por mais que eu tente ser forte, os olhos cheios de lágrimas se perdem em cada palavra que me deste e hoje não tenho mais; por mais que pareça simples, te arrancar de mim nunca foi fácil.
        Muitas vezes, eu me pergunto: "O que será que ele fez de nós?", e imediatamente a razão me responde da forma mais ácida e hipócrita possível. Bom seria se só ela tivesse voz ativa aqui dentro, mas aquele cerne incansável insiste em crer que tudo não passa de uma grande farsa que você armou para provar a si mesmo que não se desfaz algo que é.
        Pra falar a verdade, desde que aprendi o que era 'o ser', nunca mais me entendi. Não me entendo. Sinto, mas acho que não sei sentir. Vejo, mas não procuro enxergar. Por vezes, eu admiro e valorizo o silêncio. Quanto aos seus gritos, espero que não sejam de socorro ou de obrigações. Não sei se sou feliz ou sou acostumada. Não amei. Amo. Se o "sempre" e o "nunca" possuem valores semânticos diferentes do que dizem os dicionários, não os absorvi...  


Homenagem à luz e sombra.

1 de setembro de 2012

Gotta let go


       "‎Sometimes you gotta let go."

                                     Só pra pensar um pouco,


Só pra deixar as coisas voltarem a se alinhar,

                                                            Só pra não deixar nunca.

E sorrir, mesmo vendo partir.
                                                                       E não sentir a falta quando se for.

                    E ter certeza de que conheço cada passo.

                               Só pra ter certeza de que reconheço o cheiro entre tantos outros.


       Só pra abraçar mais forte em cada volta.

                    E beijar fervorosamente nas despedidas no fim de tarde.

E nunca esquecer de  levar para ver o sol partir.

                               

                                                      E querer mesmo quando a vida está em desordem.

Aqui. Alí. Hoje. Amanhã. Sempre. Nunca. Nós. Dois. Um.



                                

23 de agosto de 2012

18Oº

        Tirei uns dias de férias da vida que estava levando. Me dediquei um pouco mais e fui promovida no trabalho. Dispensei um pouco mais de tempo para mostrar o meu sorriso e isso me fez muitíssimo bem. Vi pessoas próximas morrendo e matando, uns pelo tempo, outros por dinheiro. Em um mês, tudo saiu um pouco do lugar, a vida se organizou de uma nova forma que me satisfez, mas eu sempre quero mais. Sempre penso que o bom pode ser ótimo e, que o ótimo pode ser excelente, bem como acredito sempre que posso e devo dar o melhor de mim em tudo o que eu me propuser a exercer.
      Refinei alguns gostos musicais ou vulgarizei-os, como queiram. Despertei prazer em ouvir música clássica e ler poemas ao mesmo tempo... Nunca imaginei o quanto isso era relaxante! Pena que só posso fazê-los em alguns minutos do final de semana, quando o trabalho de conclusão de curso tira uma soneca. As tarefas se acumularam bastante, mas de forma infinitamente prazerosa a ponto de rir muito e alto quando me chamam de louca. 
         Quebrei preconceitos e me desprendi de alguns tabus sociais que por tanto tempo me aterrorizaram. Rompi! Antes eu não entendia porque as horas passavam tão devagar e porque os dias precisam ter tantas horas; hoje, me pergunto o porque tenho tão pouco tempo para viver um dia. Entendi que tenho pouco tempo.
           Aprendi a ver 'praticidade' como palavra de ordem (Complicar tudo pra quê?) e 'prazer' como palavra de vida. Prazer pelo que se faz, como se faz, com quem se faz e pra quem se faz. Acho que aprendi o segredinho do que é viver. Descobri que a felicidade é um estado de espírito e que eu posso, um dia, simplesmente acordar feliz sem motivo algum, ou ter mais de um milhão de motivos para ser feliz todos os dias...

                      
Fonte Imagem: falandosegredos.blogspot.com


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